30 de junho de 2016

A apostasia dos últimos dias

Sermão ministrado na Igreja Cristã Despertar da Graça em 29/06/2016



Mateus 24. 10-13; 2 Ts 2.1-3


Conforme mencionei em sermões passados, inúmeros intérpretes das Escrituras afirmam que a segunda carta escrita por Paulo aos tessalonicenses, tinha dois propósitos específicos, a saber: 1) Esclarecer dúvidas dos crentes de Tessalônica acerca da segunda vinda de Cristo; e 2) Advertir sobre falsas epístolas, falsas revelações e ensinamentos errôneos que estavam infiltrando e provocando comportamentos nada apropriados para os cristãos daquela cidade.

Já é do conhecimento de alguns que, particularmente, defendo a visão de que a apostasia é um dos sinais que antecederão a segunda vinda de Cristo (parousia) e, para validar o meu posicionamento, peço-lhes que atente bem para as palavras inequívocas de Paulo “porque não será assim sem que antes venha à apostasia... (2 Ts 2.3 - grifo meu). Note que, o apóstolo deixa muito claro que a segunda vinda de Cristo, ou nossa reunião com ele (v.1), não acontecerá sem que antes a apostasia viesse. E, seguindo a linha de raciocínio de Paulo, deduzimos que, primeiro virá a apostasia e depois a manifestação do anticristo, portanto, o anticristo se manifestará em meio a tempos terríveis.

Mas o que vem a ser apostasia?
Na língua grega, o termo apostasia denota sentindo de “afastamento”, e à luz das Escrituras, entendemos que na verdade trata-se de um desvio ou abandono deliberado da fé. É também uma relativização dos valores absolutos das Escrituras. É um negar da essência do Evangelho. É interessante reforçar que o próprio Jesus deixou a instrução de que, dentre tantas coisas que aconteceriam, a sua segunda sua vinda seria precedida de uma grande ausência de fé na terra. Leia atentamente uma de suas inquirições: “Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?”. (Lucas 18.8)

Naturalmente, pode-se afirmar que, a apostasia além de ser um dos sinais inequívocos da segunda vinda de Cristo, é também uma prova inconteste da atividade maligna dentro das igrejas, ou nas palavras de Paulo, a operação do erro (um poder sedutor) que leva indivíduos a questionar e relativizar todas as coisas essenciais da sã doutrina.
Ao estudarmos sobre a apostasia, precisamos considerar alguns pontos fundamentais, dentre eles, destaco:

1.    A saúde doutrinária das comunidades cristãs era uma preocupação constante dos ensinamentos de Paulo
É muito importante entendermos que uma doutrina sã gera uma igreja saudável, porém, um ensinamento doente, gera uma igreja apóstata! À luz dos escritos paulinos, percebemos que, a saúde doutrinária das igrejas era uma preocupação constante na vida do apóstolo da graça. Já no relato de Lucas, vemos nitidamente essa preocupação quando, ao discursar para os anciãos da igreja em Éfeso, ele asseverou: “Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si”. (Atos 20.29,30)

Posteriormente, lemos várias advertências de Paulo neste sentido. Por exemplo, em sua segunda carta aos coríntios, ele afirmou: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo”. (2 Coríntios 11.3) E, nesta mesma carta, dez versículos depois, ele registrou: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo”. (2 Coríntios 11.13)

Também lemos nas duas cartas endereçadas a Timóteo, essa mesma preocupação do apóstolo:
Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência... 1 Tm 4.1,2

Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores {ou instruidores} conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. 2 Tm 4.3,4

2.    A apostasia como negação ou corrupção da verdade, à luz da segunda carta de Paulo aos tessalonicenses, capítulo 2, verso 3, pode surgir de:

a)    Falsas revelações – (espíritos, por exemplo, na NVI é traduzido por profecias) ► Paulo adverte sobre algo que é muito usado nos dias de hoje principalmente nas igrejas neopentecostais.  Infelizmente, não é difícil encontrar alguém “reivindicando” para si, uma nova “revelação” divina.  Ouve-se de maneira abusiva e autoritária expressões tais como: “O Espírito me falou", "Deus me revelou" ou “Tive uma visão de Deus”, expressões populares e incoerentes teologicamente.

b)    Construções doutrinárias deturpadas – (palavra, pregação e ensinamentos desconexos com as Escrituras) ► Um novo mover, uma nova unção, uma nova maneira de enxergar, novidades, modismos e invencionices e muito mais... Tudo isso sendo maciçamente divulgados nos templos cujo deus é Maamom.

·         Teologia da prosperidade
·         Teologia dos “atos proféticos”
·         Teologia dos “judaizantes”
·         Teologia Neopentecostal – Essa relativizou as escrituras dando ênfase às novas revelações supostamente oriundas do “Espírito”.
Obs. Afirmo com toda convicção que creio em revelações do Espírito, entretanto, todas as revelações são necessariamente reafirmações do que está escrito nas Escrituras Sagradas.
·         Negação do nascimento virginal de Cristo
·         Negação da morte de Cristo em favor dos seres humanos
·         Negação da ressureição de Cristo
·          etc.


c)    Falsos escritos – (epistola) ► Sabe-se que, antigamente, era comum honrar um autor famoso atribuindo uma nova obra a ele, todavia, a dita homenagem poderia ser também na verdade uma excelente maneira de perpetuar uma ideia ou ajudar a propagação de uma mentira.

Paulo, ao dizer “não se deixem abalar ou alarmar tão facilmente por epístola”, na verdade estava admoestando os irmãos a não darem créditos aos falsos escritos (falsas epistolas) que andava circulando na época, escritos que supostamente vinham dele ou de outro apóstolo de Cristo.

3.    Qual deve ser a nossa postura em relação à apostasia?

a)    Vigilância constante em cima do que aprendemos ► “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós”. Atos 20.31
b)    Não negligenciarmos a doutrina a nós ensinada ► Hebreus 2.1 - Por isso é preciso que prestemos maior atenção ao que temos ouvido, para que jamais nos desviemos. (NVI).
c)    Ficando firmes e conservando as doutrinas bíblicas ► “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”. (2 Ts 2.15)

d)    Rejeitando qualquer novo ensinamento que contradiz as Escrituras ► “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema”. (Gálatas 1.8,9)



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