26 de agosto de 2015

Deus, o sofrimento humano e a teologia da prosperidade



Eu vos amei, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos amaste? (Malaquias 1.2)

Certamente, uma das grandes dificuldades da teologia é a tarefa de conciliar o amor de Deus com o sofrimento humano. Durante séculos e mais séculos, teólogos, pensadores e filósofos têm se engajado na tentativa de encontrar respostas para os infortúnios, para as aflições e para as calamidades que existem debaixo do sol. Comprovadamente, debates e mais debates são realizados na tentativa de se obter uma resposta satisfatória e um denominador comum que satisfaça os questionamentos infindáveis que a cada dia surgem acerca do sofrimento humano.

Inúmeros pesquisadores, teólogos (e pasmem), até mesmo ‘pastores’, na tentativa de pesquisar e tentar concatenar o amor de Deus com o sofrimento humano, lamentavelmente, perderam sua fé e começaram a trilhar o caminho do ateísmo e do agnosticismo. Por outro lado, a existência inequívoca e irrefutável destas duas realidades (amor divino e sofrimento humano) e o aparente conflito existente entre ambas; constitui, evidentemente, uma prova conclusiva de que a famigerada Teologia da Prosperidade não passa de um ledo engano.

Engana-se quem pensa que os deturpados conceitos da Teologia da Prosperidade é coisa do nosso tempo. Já nas páginas veterotestamentárias, podemos constatar que muitos pensavam equivocadamente que ser amado por Deus, consistia, dentre outras coisas, em viver bem, sem sofrimento, incólume, imune e blindado as vicissitudes da vida. Acredito, que o primeiro ‘embate’ entre Deus e o povo de Judá registrado no inicio do livro de Malaquias demonstra perfeitamente isto. Leia outra vez e atentamente as palavras do Senhor:
Eu sempre vos amei, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos amaste?” (Malaquias 1.2)

Vale ressaltar, que a mensagem fora dada por Deus a Malaquias, num período de grande declínio moral e espiritual, pois, os judeus, finalmente repatriados, portavam-se novamente de maneira desleal para com Deus e para com os seus mandamentos. Na verdade, o desanimo estava instaurado, o nome de Deus foi desprezado e a verdadeira adoração abandonada. Entretanto, devo chamar a sua atenção para o fato de que, apesar da mensagem ser constituída de várias sentenças pesadas; as reprovações contra os sacerdotes e o povo de Israel iniciam-se com uma belíssima e intrigante declaração: “Eu sempre vos amei”, ou, “Eu vos tenho amado” (ARA).

É preponderante considerar que, durante toda a história, Deus nunca escondeu o seu amor para com o seu povo. Deus sempre disse: Eu sempre amei vocês! Tomemos por exemplo, o livro do profeta Oseias, onde está registrado: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho” (Oséias 11.1). Também no livro de Jeremias, lemos da seguinte maneira: “Há muito que o SENHOR me apareceu, dizendo: Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te atraí”.  (Jeremias 31.3)

Indiscutivelmente, o amor de Deus é imensurável, incondicional e comprovado, todavia, este amor nunca imunizou o seu povo de cativeiros, covas, fornalhas, enfermidades e calamidades. Deus nos ama, entretanto, passaremos por fogo, enfrentaremos correntezas (Isaias 43.2), seremos açoitados por ventos, balançados por ondas, atingidos por chuvas e submersos por rios (Mateus 7.25) O sofrimento humano é o calcanhar de Aquiles da Teologia da Prosperidade. As lutas nossas de cada dia, as adversidades temporais, o tempo de perder e o tempo de chorar são provas inquestionáveis de que Teologia da Prosperidade é falsa. É outro ‘evangelho’, por isso, é anátema.

Quando Deus declarou para o povo em Malaquias: Eu sempre vos amei! Ele ouviu sarcasticamente: “Será mesmo? De que modo nos amastes?” (Bíblia A Mensagem) Certamente, a resposta irônica e cínica do povo, revela, dentre outras coisas, a incredulidade oriunda do sofrimento, entrementes, eles estavam duvidando e zombando do amor de Deus. Ao replicarem: “Em que nos amaste?”, eles estavam dizendo: Se o Senhor nos ama, por que então permite o nosso sofrimento? Por que a nossa vida é tão difícil? Por que as suas promessas ainda não se cumpriram? Por que passamos por tantas dificuldades?...

Ao ouvir tamanha ironia, a tréplica de Deus foi a seguinte: “não foi Esaú irmão de Jacó? - disse o SENHOR; todavia amei a Jacó e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos dragões do deserto”. (Malaquias 1.2,3) Em outras palavras, disse Deus: “É só olhar para a história. Veja como tratei você, Jacó, de maneira diferenciada de Esaú” (Bíblia A Mensagem).

Pois bem, precisamos urgentemente aprender que a nossa trajetória de vida é uma prova inconteste do amor de Deus. Pare de mensurar o amor de Deus em meio ao sofrimento. Antes olhe para o cuidado que Ele teve por você até hoje. Saiba, que apesar das lutas e de todo o sofrimento, o seu amor por nós é inquestionável e imensurável! Ele nos ama e a cada dia prova o seu amor! Ele não prova nos imunizando de lutas ou nos isentando do sofrimento. Ele “demonstra a cada dia o quanto nos ama ao ter oferecido o seu filho em sacrifício por nós quando ainda erámos tão ingratos e maus para com Ele” (Romanos 5.8 - Bíblia A Mensagem).


A maior prova de amor da história foi à morte de Cristo em nosso lugar!