1 de dezembro de 2009

Caça ou Caçador?


O que vem primeiro, o ovo ou a galinha? Essa é uma questão importantíssima quando tratamos dos ensinamentos bíblicos, em que a ordem dos fatores altera o produto, ou seja, a propriedade comutativa da multiplicação matemática não vale para os ensinamentos bíblicos, pois, quando se inverte a ordem de tais, modifica-se por completo o produto final.

Inversão de fatores

A inversão de fatores é algo que vem causando muita confusão no meio evangélico, entretanto, o assunto além de antigo é bastante polêmico. Vejamos:

Na carta de Paulo aos Romanos, já no capitulo primeiro, o apóstolo enfatiza algumas inversões causadas pelos “gentios”.

Em primeira instância, Paulo afirma que eles (os gentios), “inverteram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível... Mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador...”. (RM 1: 23 e 25)

O apóstolo também afirmou que: “... Deus os abandonou às paixões infames; porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza (lesbianismo). E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão (homossexualismo), cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”. (RM 1: 26 e 27)

Encontra-se também nos dias de hoje, muitas “inversões” dentro da “Igreja de Cristo”. O valor da criatura está “superando” o valor do Criador; a glória de Deus está sendo “substituída” pelo glamour da fama humana; os símbolos judaicos sendo mais “valorizados” do que a explanação da palavra; a Verdade de Deus está sendo “trocada” pelas mentiras do diabo; o conteúdo do RI (regimento interno) sendo pregado como “palavra de Deus”; os usos e costumes sendo impostos como “regra de fé e conduta” (doutrinas); e assim por diante...

Dentre todas as “inversões” encontradas atualmente, quero enfatizar uma, que muito me chamou a atenção e, creio que tem passado desapercebida aos olhos da comunidade cristã. Quero falar sobre a “asserção”: Caça ou caçador?

Caça X caçador

Em todas as livrarias evangélicas do Brasil encontramos um livro de Tommy Tenney, intitulado “Os caçadores de Deus”. Não tenho nada contra este escritor, nunca li suas obras, não o conheço, não sei nada de sua vida e não tenho pretensão de enegrecer ou colocar em xeque seu ministério. Quero apenas tecer uma “critica” sobre o titulo do livro e, analisar biblicamente algumas passagens bíblicas referentes ao assunto.

Isto se faz necessário, pois, nós, escritores cristãos exercemos grandes influências sobre os nossos leitores! Alias, será que existe alguém que nunca fora influenciado por um livro? Ou por uma palavra lançada?

Não é diferente com este escritor e com suas obras. Seu livro “Os caçadores de Deus”, tem influenciado muitos, já existe bandas, ministérios, músicas, peças e grupos teatrais com este nome. Lembro-me até de uma musica que ouvi: “... Eu quero ser um caçador de Deus!...”.

Infelizmente, assim como nos dias do profeta Oséias, o povo de Deus está perecendo por falta de conhecimento. (Os 4:6)

Tommy Tenney, em dado momento diz que: “... Estas trilhas apaixonadas dos Caçadores de Deus podem ser traçadas desde Moisés, Davi, Jó, Paulo e também por você...”. Todavia, não vejo base bíblica para tal afirmação.

Desde o inicio, vejo Deus à “caça” do homem. No jardim do Éden, após a queda de Adão, o Senhor lhes pergunta: Onde estás? (GN 3:9). Após o primeiro homicídio terrestre, Deus sai a “caça” e faz a seguinte pergunta a Caim: Onde está Abel, teu irmão? (GN 4:9). Nos dias em que Deus se arrependeu de ter criado o homem, não foi diferente, Deus “caçou” um homem e achou Noé. (GN 6:8).

Será que o Onipotente viu graça em Noé (GN 6:8), porque ele era um “caçador de Deus?” Claro que não, Noé foi “caçado” porque era justo, reto e andava com Deus (GN 6:9). Com Enoque aconteceu o mesmo, foi “caçado e apanhado” por Deus, exclusivamente por que andava com Ele. (GN 5:24)

O rei Davi também foi citado como um “caçador de Deus”, entretanto, não vejo assim, pelo contrário, em 1SM 16:1 subtende-se que Deus “caçou” e achou Davi; o texto de Atos 13:22 comprova tal afirmação: “... Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade”.

No ano de 2003, quando foi indagado sobre o titulo de seu livro, Tommy respondeu: “Caçador de Deus é o indivíduo cuja fome excede sua capacidade de saciá-la...”. Porém, ao analisar a bíblia, conclui-se que, Cristo é o pão da vida, o pão vivo que desceu do céu (JO 6: 48 e 51) e, quem comer deste pão será eternamente saciado. Assim como, é Cristo a água da vida e, aquele que beber nunca mais terá sede. Medite: “... mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (JO 4:14)

O profeta Isaías disse: Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto (IS 55:6). Como se nota, o profeta usou o verbo “BUSCAR” e não “CAÇAR”.

Traduzindo estes dois verbos “ao pé da letra”, verifica-se que há uma discrepância entre eles, pois, quem busca sabe onde está, quem “caça”, não tem noção de onde está o objeto procurado, diante disso, se deduz que: quem sai “caçando” Deus não tem intimidade com Ele e, acima de tudo desconhece dois de seus atributos: a onipresença (está em todos os lugares) e a imanência (presença contínua e atuante).


Muitos cientistas, filósofos, arqueólogos, estudiosos, ateus, céticos, etc; são verdadeiros “caçadores de deus”. Mas, por mais que procurem (cacem), suas buscas são inúteis e infrutíferas; eles estão cegos e desconhecem que: “... Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado”. (SL 34:18)

Voltando a questão do diálogo entre Cristo e a mulher samaritana, vê-se a seguinte revelação: “... porque o Pai procura (caça) a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. (MT 4: 23 e 24)

Como diz o escritor e amigo José Barbosa Junior, “um pouquinho só de conhecimento bíblico já nos faz ver” que o verdadeiro “caçador” é Deus, e está a “caça”, ou melhor, a procura de verdadeiros adoradores.

Por isso, quero passar do “Ser para o Ter”, ou para o “não Ser”. Não quero ser caçador, quero ser a “caça” e, ser caçado pela graça...

Alias, quero encerrar este artigo dizendo: - Quem rejeita a graça, termina caçando Deus.

Que a graça de Deus sempre superabunde em nós!!!

Um comentário:

Cícero Manuel dos Santos disse...

pastor amado seu blog tá muito bom parabéns Deus continue te abençõando, cada vez mais , um abraço fica na paz.