Exórdio: Não há dúvidas de que a narrativa que
acabamos de ler: Elias e os profetas de
Baal e Asera é uma das mais conhecidas e populares de toda a Bíblia. Velhos
e crianças, crentes e até mesmo não crentes, conhecem ou já ouviram a história do Deus que respondeu com fogo;
entretanto, antes de voltarmos o olhar propriamente para este acontecimento,
jugo ser necessário considerar o panorama político, econômico, espiritual e
moral que existia em Israel na época do profeta Elias.
Sem dúvidas, crise é a palavra mais
apropriada para se descrever a situação da nação de Israel na época de Elias, o
profeta tisbita de Gileade. Nos dias atuais, lamentavelmente, não causa impacto
nenhum afirmar que vivemos uma crise sem precedentes, afinal crise é a palavra
mais pronunciada nos jornais, telejornais e nas conversas informais. Todos os
brasileiros em sã consciência sabem que o nosso país, e porque não dizer, o
mundo ultramoderno do século XXI, “enfrenta” dias difíceis! Há instaurado em
nosso século uma crise: moral, politica, financeira e religiosa. Warren Wiersbe
acredita que a maior crise dos nossos dias é a crise de integridade, pois ela
afeta todos os segmentos da sociedade. Ao contrario de um jargão neopentecostal
que ficou muito popularizado em nosso meio a partir de 2015, que: dizia: - Não
estamos em crise, estamos em Cristo; a verdade nua e crua é que atravessamos um
momento de grande perigo, uma fase
difícil e um ou estado de dúvidas e/ou incertezas. Elias também enfrentava um
momento como esse por volta do ano 875 a.C.
O
bom estudioso dos tempos bíblicos sabe que após a morte de Salomão no ano 930
ou 931 a.C. o reino se dividiu, depois de aproximadamente 120 anos de monarquia
única (Saul, Davi e Salomão). Das 12 tribos, 10 seguiram a liderança de
Jeroboão I, formando o que conhecemos como Reino do Norte, cuja capital
tornou-se Samaria. Estudiosos afirmam que este reino durou 209 anos, quando a
Assíria levou cativo este reino. O reverendo Hernandes Dias Lopes destaca o
fato de que durante os 209 anos, o Reino do Norte, teve 19 reis de 8 dinastias
diferentes, e nenhum desses reis andou com Deus, entrementes, todos foram
apóstatas, ímpios e idólatras. Todos os 19 fizeram “o que era mal aos olhos de
Deus”. É digno também de destaque o fato de que na época de Elias, reinava
Acabe, o homem conhecido e rotulado na história como o pior rei de Israel; por
isso, permita-me, neste momento, elencar alguns dos erros de Acabe:
1.
Casou-se com Jezabel, mulher pagã, e permitiu a
promoção da adoração a Baal.
2.
Fez Israel mergulhar no mais profundo paganismo. 1
Reis 16.31
3.
A idolatria incentivada por Acabe e Jezabel fez o
povo “coxear” entre dois pensamentos. Cap. 18.21 – Nota: A versão KJ usa
“coxeareis” (ficareis estacionados entre as duas possibilidades); entretanto, o
termo no hebraico diz, “saltareis”, tendo o sentido de “pular”, ou seja, Israel
pulava entre Deus e Baal.
4.
Acabe e Jezabel “compraram” os profetas – a
expressão empregada nas bíblias em português “comem da mesa de Jezabel”, é mais
bem traduzida por: os profetas comprados, ou seja, “a generosidade” de Jezabel
exigia lealdade dos profetas e dedicação integral no culto a Baal.
Obs. Desgraçadamente, muitos líderes
“cristãos” assemelham-se a Acabe: querem comprar, subornando com ofertas e
agendas os pregadores convidados para irem às suas igrejas. Já ouvi da boca de
um pastor a seguinte aberração: - Na minha igreja eu mando, e os pregadores
obedecem! Certa vez, um da “casa de Acabe” queria estipular o que eu podia e o
que eu não podia falar. Recentemente, um “pastor’ me disse: - estou pensando em
te convidar, mas creio que você ficará escandalizado com o que aqui verá!”. Eu
lhe respondi: - aceito ir, todavia, preciso saber se você permitirá que eu
pregue aquilo que é certo?!
5.
Remoeu-se por não ter conseguido um pedaço de terra.
Então Jezabel manda matar o Nabote, o proprietário da vinha. E Acabe foi
omisso, portanto, cumplice deste assassinato.
6.
Estava acostumado a fazer a própria vontade e ficava
deprimido quando isso não acontecia.
7.
Não gostava de ouvir a voz de Deus, aliás, afirmou
com todas as letras que odiava o profeta do Senhor, Micaías, porque ele falava
a verdade. 1 Reis 22.8
8.
Acabe além de não gostar de ouvir a voz do Senhor,
ia além, desobedecendo-a. 1 Reis 22.26,27
Sobre
a morte de Acabe, o historiador
Flavio Josefo diz: “Pode-se ver, com esse exemplo, como devem ser respeitadas
as palavras dos profetas do Senhor, e não as dos falsos profetas, que, para
agradar aos homens, só falam o que lhes é agradável”.
9.
A perversidade de Acabe foi tão gigantesca que a
frase: “a casa de Acabe” tornou-se um rótulo para referir-se a reis perversos.
( 2 Cr 21.6; Mq 6.16)
Dito tudo isso, passamos agora a olhar
para Elias e a narrativa bíblica usada no inicio deste sermão, sempre
enfatizando que é no meio deste caos moral, espiritual e econômico que Elias
aparece e desenvolve o seu ministério.
a)
Vendo Acabe a Elias (17) ► Elias é descrito apenas
como “o tisbita de Gileade” - Tisbita não é sobrenome, antes é uma
descrição de onde o profeta nasceu. Tisbe era um lugarejo pequeno e
insignificante do ponto de vista geográfico. Faço coro com o reverendo
Hernandes que disse: “Deus não precisa de Estrelas”.
b)
És tu o perturbador de Israel (v.17) ►
Assim como Cristo (Lucas 23.5) e Paulo (Atos 16.20) Elias foi acusado de perturbador,
entretanto, os pecados de Acabe e de sua casa é que estavam causando as perturbações
em Israel.
c)
Até quando coxeareis (v.21) ►
Semelhantemente Moisés e Josué (Êx 32.26 e Js 24.15) Elias instiga os
israelitas a tomarem uma decisão.
d)
E Elias reparou o altar do Senhor, que
estava em ruinas (v.30)
► Segundo tradições judaicas, esse altar
era o mesmo que fora construído por Saul (1Sm 15.2), entretanto, havia sido
quebrado pelos pagãos.
Simbolismo do altar à No contexto veterotestamentário, o
altar era um lugar onde o homem podia se aproximar de Deus, mediante sacrifício
e oração. O altar falava da ‘comunicação’ entre Deus e os homens. Warren Wiersbe
diz que: “Ao usar doze pedras, Elias afirmou a união espiritual do povo de
Deus, embora o povo estivesse dividido politicamente”.
Sylas Neves, 13/04/17
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