Sermão ministrado na Igreja Cristã Despertar da Graça em 07/12/16
Apartai-vos
de mim todos os que praticais a iniquidade; porque o SENHOR já ouviu a voz do
meu lamento. O SENHOR já ouviu a minha súplica; o SENHOR aceitará a minha
oração. (Salmo 6.8,9)
Não
há dúvidas de que, Cristo dedicou uma grande parte do seu ministério para
ensinar os seus seguidores sobre a maneira correta e cristã de se viver a vida.
Usando um termo mais aceito teologicamente, a “Espiritualidade Cristã” sempre
esteve presente nos ensinos de nosso amado, sublime e inigualável mestre.
Quando lançamos um olhar mais detalhista, por exemplo, para o esplêndido
“Sermão do Monte”, constatamos que Cristo destacou intrinsecamente a importância
da pureza genuína nos atos religiosos. Essa pureza, certamente vai de encontro
com pelo menos dois clichês bastante popularizados em nosso meio: 1) Os fins
justificam os meios; ou que, 2) Para Deus o que vale é a intenção. Acredito
que, muitos já ouviram coisas do tipo: - não importa como eu fiz; o que
interessa é o que foi feito.
À
luz das Escrituras comprovaremos que para Deus nem sempre os fins justificam os
meios, e que, a intenção nem sempre é o seu parâmetro avaliativo. Práticas
religiosas como: caridades, jejuns e orações são terão valia se forem feitas
vernaculamente (com sinceridade), entrementes, o que importa para Deus não é a
caridade, mas como ela foi executada. O importante não é o jejum, mas sim como
se jejuou; também não é propriamente a oração, mas como se orou.
Há
alguns meses atrás, quando iniciei a série de estudos sobre o “Pai Nosso”,
afirmei que há apenas duas maneiras de se orar: a certa e a errada. Hoje,
usando o mesmo raciocínio, afirmo que há também apenas duas maneiras de
praticar caridades, devoções e jejuns: a certa e a errada. Jesus, por exemplo,
reprovou em seu ensino as esmolas doadas com a intenção da obtenção da glória
humana; e igualmente condenou o jejum feito com a finalidade de se obter o
louvor humano. Em suma, caridades, orações e jejuns feitos com o propósito de
ganhar os holofotes humanos, além de serem censurados, não são aceitos por
Deus. Lembre-se da sentença: “Se vocês
agirem assim, não receberão nenhuma recompensa do Pai de vocês, que está no
céu”. (Mateus 6.2 – NTLH)
Confesso
que, exigente é uma das coisas que não tenho dúvidas de que Deus é! Desde o
Éden, quando aceitou a oferta de Abel, mas reprovou a de Caim, comprova-se que
o Eterno não aceita qualquer coisa, ou que, para Ele, nem sempre “os fins
justificam os meios”. Quando leio a censura feita por Deus através do profeta
Amós, fico atordoado e temeroso, pois aprendo ainda mais que Ele rejeita e
reprova muitos atos religiosos.
Não suporto os
encontros religiosos de vocês.
Estou cheio dos seus
congressos e convenções.
Não me interessam
seus projetos religiosos.
Seus lemas e alvos
presunçosos.
Estou enojado das
suas estratégias para levantar fundos,
das suas táticas de
relações públicas e criação da própria imagem.
Não suporto mais sua
barulhenta música de culto ao ego.
Quando foi a última
vez que vocês cantaram para mim?
Alguém ai sabe o que
eu quero?
Eu quero justiça – um
mar de justiça.
Eu quero integridade
– rios de integridade.
É isso que eu quero.
Isso é tudo que eu quero.
(Amós
5.21-24 – Bíblia A Mensagem)
No livro do profeta Isaias também se lê uma dura censura
feita por Deus, e que demonstra que Ele não aceita qualquer coisa: “Que
me importam os vossos inúmeros sacrifícios? Para que me trazeis tantos
holocaustos? Eis que estou farto de sacrifícios queimados de carneiros e da
gordura de novilhos cevados. Ora, não tenho nenhum prazer no sangue de
novilhos, cordeiros e bodes!…”. (Isaías 1.11)
Precisamos sempre ter em mente que, à luz da
Escritura Sagrada, está patente que Deus rejeita certas obras de caridade,
jejuns, sacrifícios e cultos, portanto, inequivocamente, pode-se afirmar que,
algumas orações também são rejeitadas por Deus, ao contrário do que está
registrado na letra de uma famosa música pentecostal brasileira que diz: “Deus
não rejeita oração”. Sei que estou sendo prolixo para alguns que me acompanham
já há certo tempo, entretanto, mesmo consciente da minha grande redundância
neste ponto, preciso parafrasear o apóstolo Paulo e dizer que, durante anos,
não cesso, noite e dia, de admoestar, com temor, a cada um de vós, e dizer:
Sim. Não tenham dúvidas, Deus rejeita alguns tipos de orações! Portanto, nossa
proposta hoje, com este sermão é numerar e expor, mesmo que, sucintamente,
algumas orações que Deus não ouve, e algumas que Deus não responde.
1.
Pecado não confessado – “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. (Isaias
59.2)
Biblicamente falando, a falta de confissão de
pecados é um dos maiores obstáculos para as nossas orações, pois, como já
abordado no ensino da oração do “Pai Nosso”, muitos intérpretes
dos textos bíblicos acreditam e afirmam que a santidade é o maior dos atributos
de Deus. E sendo Deus santo, os pecados não confessados acabam levantando
barreiras de separação entre aquele que ora e Ele. No contexto de Isaias,
sabe-se que o povo de Israel afundou-se em apostasia e em outras práticas de
iniquidades; e a não confissão, além de ofender a Deus, o “impediu” de ignorar,
relevar ou tolerar tais modos de proceder. Em suma, tais atos, somados com a
falta de confissão, “tornou” Deus surdo para com os seus apelos e suas orações.
Sei
que alguém pode questionar: - mas, isso aconteceu com o povo de Israel! É
verdade, aconteceu com eles, mas serve de alerta para nós! Lembre-se do que o
sábio disse no livro de provérbios: “O que encobre as suas transgressões nunca
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”. (28.13)
No salmo 66, o salmista compreendeu
perfeitamente que a falta de confissão criaria uma barreira de separação que
“taparia” os ouvidos de Deus: “Se eu
atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”. (v.18) – Em
um dos salmos que é atribuído a Davi, ele confessa e pede perdão até mesmo
pelos pecados ocultos: “Expurga-me tu dos
que me são ocultos”. (Salmo 19.12)
Em Isaias 1.15 lemos: “Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim,
quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão
cheias de sangue”.
Curiosidade
contextual:
Sabe-se que, algumas orações no passado, consistiam apenas no gesto de levantar
os braços com as palmas das mãos voltadas para cima e com os olhos abertos e
fixados para o céu. Pela censura feita por Deus aqui no livro de Isaias,
entendemos que essa prática era muito habitual naqueles dias, entretanto, essas
orações eram desprezadas e não ouvidas por Deus, pois eles estavam atolados em
pecados e não havia confissão.
Ao
orarmos, nunca devemos nos esquecer de uma das petições ensinadas por Cristo na
oração do “Pai Nosso”: “perdoa-nos
os nossos pecados”. (Lucas 1.4)
2.
Falta
de conceder perdão – “E,
quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para
que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas”. (Marcos
11.25)
Conforme
ensinei num sermão passado, o nosso relacionado na vertical, dependerá do nosso
relacionamento na horizontal, ou seja, o nosso relacionamento com Deus,
dependerá do nosso relacionamento com o próximo. Aquele que não consegue
liberar perdão faz com que a sua oração seja rejeitada por Deus. Lembre-se da
parábola do credor incompassivo!
3.
Pedidos
fomentados por ganância – “Pedis
e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.
(Tiago 4.3)
Na oração do “Pai Nosso”, Jesus nos ensinou a
pedir pelo “pão cotidiano”, ou seja, devemos pedir a Deus apenas aquilo que
servirá para nosso proveito, ou aquilo que corresponde às nossas necessidades.
Quem ora fomentado pela ganância, agem nesciamente, pois, esquece de que há
outra dimensão além da terrena. Já ensinei que não há nada de errado em orar pelas
necessidades diárias, entretanto, quando os pedidos são egoístas e estimulados
pela ganância, Deus não se dá ao trabalho de respondê-los, pois, Ele sabe que o
que está em pauta é a busca pelo prazer, conforto e poder. Certa vez, li uma
frase que resume perfeitamente o mal mencionado por Tiago: “A oração feita com
espírito ganancioso é como a de um bandido, que pede sucesso para os seus
assaltos”. Essas orações não são
ouvidas, pois, são fomentadas por ganância, egoísmo e pela busca
desenfreada dos deleites mundanos.
Permita-me
apenas enumerar algumas tendências erradas provocadas pela ganância:
a) Valorização do temporário em detrimento do eterno (Colossenses 3.1-3)
b) A cobiça dos olhos, através da ostentação de bens, que alimenta a soberba da vida (I João 2.16);
c) O desejo desenfreado de ter sem pre mais, ao ponto de perder a própria vida (Mateus 16.26; Lucas. 9.25).
4. Falta de compaixão pelos necessitados – “O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre
também clamará e não será ouvido”. (Provérbios 21.13)
Já
disse e ratifiquei que o nosso relacionado na vertical, dependerá do nosso
relacionamento na horizontal. Jesus, ao ser interrogado sobre qual seria o
maior mandamento, contrapôs: “Amarás o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mateus 22.37-39)
Entretanto, um pouco mais adiante, Cristo, em relação ao segundo mandamento,
estabeleceu um novo parâmetro: “Um novo
mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós...”. (João
13.34).
Infelizmente, muitos leitores despercebidos, não percebem
que há uma grande diferença entre: “Amar
o próximo como a mim mesmo”, e, “Amar o próximo como Cristo me amou”. Não
há dúvidas de que este mandamento ficou mais pesado! E, indo um pouco mais
longe, se temos o conselho paulino de sermos imitadores de Cristo, precisamos
ter compaixão pelo próximo, pois, os Evangelhos
registram que a compaixão de Jesus pelo sofrimento alheio ia muito além do mero
sentimento. Ele se dedicava ao ministério de aliviar os outros de suas dores. Nunca
devemos nos esquecer de que a compaixão pelo outrem, foi umas das
características marcantes do ministério de Jesus.
Quem não tem compaixão pelos
necessitados, faz com que as suas orações não sejam ouvidas por Deus. O apóstolo
Tiago afirmou: “Aquele, pois, que sabe
fazer o bem e o não faz comete pecado”. (4.17) E, o pecado, como está
escrito: “faz separação entre nós e Deus”.
5. Falta de entendimento no relacionamento conjugal – “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela
com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os
seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas
orações”. (1 Pedro 3.7)
À
luz das Escrituras, a verdadeira espiritualidade começa e deve ser demonstrada
dentro de casa. Se um homem não governa bem a própria casa, como está escrito:
ele é pior do que um infiel (1 Timóteo 5.8), e, agora o texto de Pedro vai
além, afirmando que, até mesmo as orações podem ser impedidas quando um homem
porta de maneira errada para com a sua esposa. O mesmo vale para as mulheres,
pois, o principio de Deus vale para todos, entrementes, quando uma mulher se
porta desonestamente para com seu marido, suas orações também são rejeitadas
por Deus.
6.
Pedir
contra a vontade de Deus – “E ele se foi ao deserto, caminho de
um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a
morte e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor
do que meus pais”. (1 Reis 19.4)
A
nossa fragilidade e incapacidade de controlar a nossa própria vida, às vezes
nos faz falar com tolices nas horas de apreensão, perseguição e sofrimentos.
Quantos, a exemplo de Elias já não exclamou: chega! Leva-me! Tira a minha vida!
Basta! Etc. Quando estamos pressionados e de cabeça quente, temos o triste
hábito de abrir a boca ocasionalmente e falar besteiras. Graças a Deus, ele não
nos trata segundo as nossas transgressões!
7.
Negligência
e descaso para com a Lei - O
que desvia o ouvido para não ouvir a Lei, até mesmo sua oração se torna
abominável. (Provérbios 28.9)
A graça
está na Lei, e a Lei está na graça. Equivoca-se quem pensa e diz que toda a Lei
caducou e que o Antigo Testamento não tem mais valor. A Lei nos revela
exatamente o que nós somos diante de um Deus santo.
Gálatas
3.19 - Então,
por que é que foi dada a lei? Ela foi dada para mostrar as coisas que são
contra a vontade de Deus.
Romanos 4.5 Porque a Lei produz a ira; mas onde não há Lei também não
pode haver transgressão.
Romanos 7.7
- Mas foi a lei que me fez saber o que é pecado. Pois eu não saberia o que é a
cobiça se a lei não tivesse dito: “Não cobice.” (NTLH)
Um comentário:
Gostei da forma como abordou o assunto referente a ''Lei''.Isto de fato é de suma importância.
O MUNDO gospel vive na Anomia e esperam ter sua preces atendidas ou ouvidas.
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