Sermão ministrado na Igreja Cristã Despertar da Graça em 18/05/2016
“Não se turbe o vosso coração; credes
em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não
fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for
e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que,
onde eu estiver, estejais vós também”.
(João
14.1-3)
Antes
de abordar necessariamente o assunto proposto, peço licença, paciência e
permissão aos estudiosos e interpretes das Escrituras, aos teólogos
profissionais e/ou vocacionados e também aos leitores em geral da Bíblia, para
registrar o importante contexto que antecede aos versículos bíblicos acima
mencionados. Contexto este registrado pelo apóstolo e discípulo amado de
Cristo: João, no capítulo 13 do evangelho que leva o seu nome.
Através
do registro joanino, percebemos que os discípulos estavam completamente aflitos
e angustiados com as três péssimas noticias que acabaram de receber da boca do
próprio Jesus. A primeira delas, aquela que deixou Cristo “turbado” (agitado,
perturbado), segundo João, era que um dos doze escolhidos, era o traidor.
(v.21)
Imediatamente,
após mencionar uma traição previamente vaticinada (v.18), Cristo adverte aos
seus discípulos, aqueles a quem amou até o fim (v.1), que era chegado o momento
onde ele seria entregue nas mãos dos pecadores, escarnecido, injuriado,
açoitado, afligido e assassinado (Ver Lucas 9.44; 18.31-34).
Para
finalizar a lista de ‘péssimas’ noticias transmitidas aos discípulos num mesmo
dia, Cristo testifica oficialmente que Pedro (que instantes atrás afirmara que
daria a sua vida por ele) o negaria por três vezes, antes do canto do galo.
(v.38)
A luz
das Escrituras sabe-se que aquele foi o dia da traição, da agonia no Getsêmani,
do suor transformado em sangue, da prisão de Cristo, do opróbrio, da negação de
Pedro e do abandono dos discípulos. Todavia, é neste cenário conturbado, e
geograficamente no cenáculo em Jerusalém, que Cristo concede aos discípulos
palavras de consolo, conforto e esperança: “Não
se turbe o vosso coração...”.
Cristo
ao aconselhar: “não permita que toda esta situação os aflija” (Bíblia A
Mensagem), na verdade estavam ordenando os seus discípulos a não ficarem
aflitos, inquietos, desassossegados, entrementes, ansiosos diante de tudo o que estava acontecendo e daquilo
que ainda aconteceria.
Um dos
primeiros estudos que ministrei na Igreja Cristã Despertar da Graça, falava que
Cristo esperava que os seus seguidores não andassem ansiosos por causa alguma.
Utilizando uma linguagem humana, podemos dizer que na vida de cristão, a
ansiedade pode até parecer normal, entretanto, ela nunca será legitima, pois,
Cristo afirma que são os ímpios que andam ansiosos. (Mateus 6.32) Trocando em
miúdos, na vida do cristão andar ansioso é sinônimo de andar em pecado!
Quando
se lança o olhar sobre as Escrituras, verifica-se que muitas personagens da
Bíblia tinham motivos aparentes para serem carcomidos pela ansiedade. Para
exemplificar, permita-me recorrer a Jó, um justo que no mesmo dia perdeu: bois,
ovelhas, camelos e todos os seus filhos. Este triste dia foi registrado da
seguinte maneira por Eugene Peterson:
Algum tempo depois, enquanto os
filhos de Jó estavam reunidos na casa do mais velho em mais uma de suas festas,
um mensageiro veio correndo a Jó dizer: “Os bois estavam arando a terra, e os
burros, pastando no campo perto de nós, quando os sabeus atacaram. Roubaram os
animais e mataram todos os trabalhadores. Fui o único a sobreviver para contar
o que aconteceu”.
O homem ainda estava falando,
quando outro mensageiro chegou e disse: “Raios caíram do céu e fulminaram as
ovelhas e os pastores. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu”.
Ele ainda não havia acabado de
falar, quando outro mensageiro chegou com a notícia: “Três grupos de caldeus
vieram e atacaram os camelos e massacraram os peões. Fui o único a sobreviver
para contar o que aconteceu”.
Enquanto ele ainda falava, outro
mensageiro chegou: “Seus filhos estavam numa festa na casa do irmão mais velho
quando um furacão veio do deserto e destruiu a casa toda. Os jovens foram
atingidos e morreram. Fui o único a sobreviver para contar o que aconteceu”. (Jó 1:
13-19 - Bíblia
A Mensagem)
Através
das Escrituras, percebe-se que Jó mesmo diante de tantas notícias
catastróficas, ele não se abateu, não foi afligido por ansiedade, mas, antes: “se levantou, rasgou a própria
roupa, rapou a cabeça e se jogou no chão. Ali, prostrado, louvou a Deus: Nu saí
do ventre da minha mãe, nu retornarei ao seio da terra. O Eterno dá, o Eterno
tira. O nome de Deus seja louvado para sempre”. (Jó 1: 20,21 - Bíblia A Mensagem) Repetindo as mesmas palavras de Eugene
Peterson: “Mesmo atingido por tanta
desgraça, Jó não pecou nem culpou Deus de nada. (v.22)
Semelhantemente
a Jó, pode-se citar a viúva que foi pedir ajuda ao profeta Eliseu. Essa mulher
tinha motivos aparentes também de sobra para estar ansiosa, pois, além de perder
o marido, ela herdou uma divida e por causa dela estava na iminência de perder
os seus dois filhos. (2 Reis 4.1)
Entretanto,
acredito que ninguém mais do que o Cristo, tinha motivos aparentes para estar
ansioso. Pense comigo, ele nasceu, cresceu e viveu sabendo o dia que morreria e
como morreria. Cristo veio a terra, cumprir uma missão já predeterminada pelo
Pai. Ele sabia que seria preso, açoitado, afligido, escarniado, traído, negado,
abandonado e acima de tudo, sabia que experimentaria a ira de Deus, porque
mesmo não tendo pecado, “o fez pecado por
nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2 Coríntios 5.21)
É
nessa situação angustiante, sabendo que a hora de morrer havia chegado que
Cristo assevera, procurando acalmar o coração dos discípulos dizendo: “Não se turbe o vosso coração”. E não
parou por ai, foi nessa mesma hora que ele tornou a falar acerca de sua segunda
vinda: “E, quando eu for e vos preparar
lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver,
estejais vós também”.
Dito
isto, passamos a falar propriamente agora, acerca da segunda vinda de Cristo.
Ponderações necessárias:
:
1.
Não
tenho a pretensão de esgotar o assunto e nem conseguirei responder a todos os
questionamentos acerca da segunda vinda de Cristo, entretanto, afirmo que esta
doutrina é um dos pilares da fé cristã.
2.
A segunda vinda de Cristo é certa ► É de
meu conhecimento, que muitos homens e mulheres da atualidade não aceitam a
verdade da segunda vinda de Cristo. Muitos teólogos e até mesmo pastores estão
vociferando que o ensino da segunda vinda de Cristo é uma utopia. Infelizmente,
a incredulidade faz com que tais pessoas, acreditem somente naquilo em que
querem acreditar. Na verdade, muitos quando não gostam ou não conseguem
conceber uma coisa, procuram emitir uma explicação qualquer, apenas com a
finalidade de eliminar aquilo que os incomoda.
Confesso que me causa espanto, perceber que muitos “cristãos”
acreditam em tudo o que é noticiado nos meios de comunicação que, diga de
passagem, são meras palavras e opiniões de homens falíveis, todavia, por outro
lado, se recusam em acreditar na infalível e poderosa Palavra de Deus.
3.
O
apóstolo Pedro afirma que muitos religiosos dos tempos de Cristo falharam em distinguir entre as profecias
que relatavam sua "primeira vinda" e aquelas que relatavam a sua
"segunda vinda”. Em sua primeira carta esta confusão foi relatada da
seguinte maneira:
“Da
qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram
da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o
Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os
{ou as paixões} sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes
havia de seguir”. (1Pe 1.10,11)
Através
das Escrituras entendemos que em sua primeira
vinda, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), porém,
no segundo advento, Jesus virá como o Leão da tribo de Judá que “venceu para
abrir o livro e os seus sete selos” (Ap 5.5). Na sua primeira vinda, Jesus
ganhou uma coroa de espinhos (Mt 27.29), entretanto, no segundo advento ele
terá uma coroa de ouro (Ap 14.14). Na sua primeira vinda, Jesus teve na mão o
cajado do bom pastor; todavia, na segunda, Ele terá na mão uma foice afiada (Ap
14.14).
Na sua primeira vinda, como homem Ele morreu para nossa "JUSTIFICAÇÃO".
Três dias depois, ele ressuscitou e agora, vive à destra de Deus para nossa "SANTIFICAÇÃO",
e na sua segunda vinda, ele virá como um Rei, e será para a nossa “SALVAÇÃO” e "GLORIFICAÇÃO".
Sobre esta verdade no que diz respeito a sua segunda vinda, o escritor
aos Hebreus admoestou: “assim também Cristo,
oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez,
sem pecado, aos que o esperam para a salvação”. (9.28)
4.
A segunda vinda de
Cristo será o cumprimento de inúmeras profecias bíblicas ► Profetas no A.T, o
próprio Cristo, os apóstolos e até mesmo seres celestiais predisseram a segunda
vinda. Vejamos alguns textos separadamente:
a)
A
profecia no Antigo Testamento
Daniel 7. 13,14 - Eu estava olhando nas minhas visões
da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e
dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o
domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o
servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o
único que não será destruído.
b) O testemunho do próprio Cristo
Mateus 16. 27 – "Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com
os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras".
Mateus 24. 30, NVI - “Então aparecerá no céu o sinal do Filho
do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem
vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória” (Mt 24.30, NVI).
Mateus 25. 31,32 – "E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos
com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão
reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes
as ovelhas".
João 14. 2,3 – "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria
dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei
outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós
também".
c) O testemunho de seres celestiais
Atos 1. 10,11 – "E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele
subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais
lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? ESSE
JESUS, que dentre vós foi recebido em cima no céu, HÁ DE VIR ASSIM como
para o céu o vistes ir".
d)
O testemunho dos apóstolos
PAULO - "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo
abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de
sujeitar também a si todas as coisas". Filipenses
3:20-21.
"Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória
do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo". Tito 2:13.
"Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação". Hebreus 9:28.
TIAGO - "Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor". Tiago 5:7.
PEDRO - "Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade". II Pedro 1:16.
Pedro se refere à transfiguração de Cristo no monte (Mateus 17:1-5), que
foi um tipo de Sua Segunda Vinda. Moisés foi um tipo da "ressurreição dos
santos", e Elias dos que devem ser levados para o céu sem morrer. Pedro,
Tiago e João foram um tipo do remanescente judeu que deverá vê-Lo quando Ele
vier, e os discípulos restantes no sopé do monte, incapazes de expulsar o
demônio do menino, aqueles professos seguidores de Jesus que serão deixados
para trás no arrebatamento, e que serão incapazes de expulsar os demônios das
pessoas possessas durante esse período.
JUDAS - "E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de
Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; Para fazer
juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas
obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que
ímpios pecadores disseram contra ele". Judas 14:15.
JOÃO - "E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda". I João 2: 28.
"Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que
o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim.
Amém". Apocalipse 1:7.
e)
O testemunho da Ceia do Senhor
"Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice
anunciais a morte do Senhor, até que venha". I Coríntios 11:
26.
A Ceia do Senhor não é uma ordenança permanente. Ela será interrompida quando o Senhor voltar. É um memorial. Ela remete para a "Cruz" e aponta para a "Vinda". Um anel de noivado não se destina a ser permanente. É simplesmente uma promessa de amor mútuo e lealdade, e dá lugar ao anel de casamento. Então, a Mesa do Senhor pode ser vista como um compromisso de noivado deixado para a Igreja durante a ausência de seu noivo.
Paulo em todas as suas epístolas refere-se 13 vezes ao batismo, enquanto que a volta do Senhor 50 vezes. Um verso em cada 30 no Novo Testamento refere-se a Segunda Vinda de Cristo. Há 20 vezes mais referências no Antigo Testamento para a Segunda Vinda de Cristo do que Sua Primeira Vinda.
5.
Segundo
João Calvino, na segunda carta aos tessalonicenses, o apóstolo Paulo enfatiza
que a segunda vinda de Cristo também será uma vingança para aqueles que não
conhecem a Deus e para os que não obedecem aos seus mandamentos. (2 Ts 1:8) O
mesmo Calvino, afirmava que a não obediência ao Evangelho é na verdade uma
declaração de guerra contra Deus.
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