8 de dezembro de 2016

Obstáculos que impedem Deus de ouvir e atender algumas orações






Sermão ministrado na Igreja Cristã Despertar da Graça em 07/12/16

Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade; porque o SENHOR já ouviu a voz do meu lamento. O SENHOR já ouviu a minha súplica; o SENHOR aceitará a minha oração. (Salmo 6.8,9)

Não há dúvidas de que, Cristo dedicou uma grande parte do seu ministério para ensinar os seus seguidores sobre a maneira correta e cristã de se viver a vida. Usando um termo mais aceito teologicamente, a “Espiritualidade Cristã” sempre esteve presente nos ensinos de nosso amado, sublime e inigualável mestre. Quando lançamos um olhar mais detalhista, por exemplo, para o esplêndido “Sermão do Monte”, constatamos que Cristo destacou intrinsecamente a importância da pureza genuína nos atos religiosos. Essa pureza, certamente vai de encontro com pelo menos dois clichês bastante popularizados em nosso meio: 1) Os fins justificam os meios; ou que, 2) Para Deus o que vale é a intenção. Acredito que, muitos já ouviram coisas do tipo: - não importa como eu fiz; o que interessa é o que foi feito.
À luz das Escrituras comprovaremos que para Deus nem sempre os fins justificam os meios, e que, a intenção nem sempre é o seu parâmetro avaliativo. Práticas religiosas como: caridades, jejuns e orações são terão valia se forem feitas vernaculamente (com sinceridade), entrementes, o que importa para Deus não é a caridade, mas como ela foi executada. O importante não é o jejum, mas sim como se jejuou; também não é propriamente a oração, mas como se orou.
Há alguns meses atrás, quando iniciei a série de estudos sobre o “Pai Nosso”, afirmei que há apenas duas maneiras de se orar: a certa e a errada. Hoje, usando o mesmo raciocínio, afirmo que há também apenas duas maneiras de praticar caridades, devoções e jejuns: a certa e a errada. Jesus, por exemplo, reprovou em seu ensino as esmolas doadas com a intenção da obtenção da glória humana; e igualmente condenou o jejum feito com a finalidade de se obter o louvor humano. Em suma, caridades, orações e jejuns feitos com o propósito de ganhar os holofotes humanos, além de serem censurados, não são aceitos por Deus. Lembre-se da sentença: “Se vocês agirem assim, não receberão nenhuma recompensa do Pai de vocês, que está no céu”. (Mateus 6.2 – NTLH)
Confesso que, exigente é uma das coisas que não tenho dúvidas de que Deus é! Desde o Éden, quando aceitou a oferta de Abel, mas reprovou a de Caim, comprova-se que o Eterno não aceita qualquer coisa, ou que, para Ele, nem sempre “os fins justificam os meios”. Quando leio a censura feita por Deus através do profeta Amós, fico atordoado e temeroso, pois aprendo ainda mais que Ele rejeita e reprova muitos atos religiosos.

Não suporto os encontros religiosos de vocês.
Estou cheio dos seus congressos e convenções.
Não me interessam seus projetos religiosos.
Seus lemas e alvos presunçosos.
Estou enojado das suas estratégias para levantar fundos,
das suas táticas de relações públicas e criação da própria imagem.
Não suporto mais sua barulhenta música de culto ao ego.
Quando foi a última vez que vocês cantaram para mim?
Alguém ai sabe o que eu quero?
Eu quero justiça – um mar de justiça.
Eu quero integridade – rios de integridade.
É isso que eu quero. Isso é tudo que eu quero.
(Amós 5.21-24 – Bíblia A Mensagem)

            No livro do profeta Isaias também se lê uma dura censura feita por Deus, e que demonstra que Ele não aceita qualquer coisa: Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios? Para que me trazeis tantos holocaustos? Eis que estou farto de sacrifícios queimados de carneiros e da gordura de novilhos cevados. Ora, não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, cordeiros e bodes!…”. (Isaías 1.11)
 Precisamos sempre ter em mente que, à luz da Escritura Sagrada, está patente que Deus rejeita certas obras de caridade, jejuns, sacrifícios e cultos, portanto, inequivocamente, pode-se afirmar que, algumas orações também são rejeitadas por Deus, ao contrário do que está registrado na letra de uma famosa música pentecostal brasileira que diz: “Deus não rejeita oração”. Sei que estou sendo prolixo para alguns que me acompanham já há certo tempo, entretanto, mesmo consciente da minha grande redundância neste ponto, preciso parafrasear o apóstolo Paulo e dizer que, durante anos, não cesso, noite e dia, de admoestar, com temor, a cada um de vós, e dizer: Sim. Não tenham dúvidas, Deus rejeita alguns tipos de orações! Portanto, nossa proposta hoje, com este sermão é numerar e expor, mesmo que, sucintamente, algumas orações que Deus não ouve, e algumas que Deus não responde.

1.    Pecado não confessado – “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. (Isaias 59.2)
Biblicamente falando, a falta de confissão de pecados é um dos maiores obstáculos para as nossas orações, pois, como já abordado no ensino da oração do “Pai Nosso”, muitos intérpretes dos textos bíblicos acreditam e afirmam que a santidade é o maior dos atributos de Deus. E sendo Deus santo, os pecados não confessados acabam levantando barreiras de separação entre aquele que ora e Ele. No contexto de Isaias, sabe-se que o povo de Israel afundou-se em apostasia e em outras práticas de iniquidades; e a não confissão, além de ofender a Deus, o “impediu” de ignorar, relevar ou tolerar tais modos de proceder. Em suma, tais atos, somados com a falta de confissão, “tornou” Deus surdo para com os seus apelos e suas orações.
Sei que alguém pode questionar: - mas, isso aconteceu com o povo de Israel! É verdade, aconteceu com eles, mas serve de alerta para nós! Lembre-se do que o sábio disse no livro de provérbios: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”. (28.13)
No salmo 66, o salmista compreendeu perfeitamente que a falta de confissão criaria uma barreira de separação que “taparia” os ouvidos de Deus: “Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”. (v.18) – Em um dos salmos que é atribuído a Davi, ele confessa e pede perdão até mesmo pelos pecados ocultos: “Expurga-me tu dos que me são ocultos”. (Salmo 19.12)
Em Isaias 1.15 lemos: “Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue”.

Curiosidade contextual: Sabe-se que, algumas orações no passado, consistiam apenas no gesto de levantar os braços com as palmas das mãos voltadas para cima e com os olhos abertos e fixados para o céu. Pela censura feita por Deus aqui no livro de Isaias, entendemos que essa prática era muito habitual naqueles dias, entretanto, essas orações eram desprezadas e não ouvidas por Deus, pois eles estavam atolados em pecados e não havia confissão.
            Ao orarmos, nunca devemos nos esquecer de uma das petições ensinadas por Cristo na oração do “Pai Nosso”: perdoa-nos os nossos pecados”. (Lucas 1.4)

2.    Falta de conceder perdão – “E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas”. (Marcos 11.25)
Conforme ensinei num sermão passado, o nosso relacionado na vertical, dependerá do nosso relacionamento na horizontal, ou seja, o nosso relacionamento com Deus, dependerá do nosso relacionamento com o próximo. Aquele que não consegue liberar perdão faz com que a sua oração seja rejeitada por Deus. Lembre-se da parábola do credor incompassivo!

3.    Pedidos fomentados por ganância – “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. (Tiago 4.3)
Na oração do “Pai Nosso”, Jesus nos ensinou a pedir pelo “pão cotidiano”, ou seja, devemos pedir a Deus apenas aquilo que servirá para nosso proveito, ou aquilo que corresponde às nossas necessidades. Quem ora fomentado pela ganância, agem nesciamente, pois, esquece de que há outra dimensão além da terrena. Já ensinei que não há nada de errado em orar pelas necessidades diárias, entretanto, quando os pedidos são egoístas e estimulados pela ganância, Deus não se dá ao trabalho de respondê-los, pois, Ele sabe que o que está em pauta é a busca pelo prazer, conforto e poder. Certa vez, li uma frase que resume perfeitamente o mal mencionado por Tiago: “A oração feita com espírito ganancioso é como a de um bandido, que pede sucesso para os seus assaltos”. Essas orações não são ouvidas, pois, são fomentadas por ganância, egoísmo e pela busca desenfreada dos deleites mundanos.
Permita-me apenas enumerar algumas tendências erradas provocadas pela ganância:
         
a)    Valorização do temporário em detrimento do eterno (Colossenses 3.1-3)    
b)    A cobiça dos olhos, através da ostentação de bens, que alimenta a soberba da vida (I João 2.16);   
c)    O desejo desenfreado de ter sem pre mais, ao ponto de perder a própria vida (Mateus 16.26; Lucas. 9.25). 

4.    Falta de compaixão pelos necessitados “O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido”. (Provérbios 21.13)
Já disse e ratifiquei que o nosso relacionado na vertical, dependerá do nosso relacionamento na horizontal. Jesus, ao ser interrogado sobre qual seria o maior mandamento, contrapôs: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.  Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mateus 22.37-39) Entretanto, um pouco mais adiante, Cristo, em relação ao segundo mandamento, estabeleceu um novo parâmetro: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós...”. (João 13.34).
            Infelizmente, muitos leitores despercebidos, não percebem que há uma grande diferença entre: “Amar o próximo como a mim mesmo”, e, “Amar o próximo como Cristo me amou”. Não há dúvidas de que este mandamento ficou mais pesado! E, indo um pouco mais longe, se temos o conselho paulino de sermos imitadores de Cristo, precisamos ter compaixão pelo próximo, pois, os Evangelhos registram que a compaixão de Jesus pelo sofrimento alheio ia muito além do mero sentimento. Ele se dedicava ao ministério de aliviar os outros de suas dores. Nunca devemos nos esquecer de que a compaixão pelo outrem, foi umas das características marcantes do ministério de Jesus.
            Quem não tem compaixão pelos necessitados, faz com que as suas orações não sejam ouvidas por Deus. O apóstolo Tiago afirmou: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”. (4.17) E, o pecado, como está escrito: “faz separação entre nós e Deus”.
           
5.    Falta de entendimento no relacionamento conjugal – “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações”. (1 Pedro 3.7)
À luz das Escrituras, a verdadeira espiritualidade começa e deve ser demonstrada dentro de casa. Se um homem não governa bem a própria casa, como está escrito: ele é pior do que um infiel (1 Timóteo 5.8), e, agora o texto de Pedro vai além, afirmando que, até mesmo as orações podem ser impedidas quando um homem porta de maneira errada para com a sua esposa. O mesmo vale para as mulheres, pois, o principio de Deus vale para todos, entrementes, quando uma mulher se porta desonestamente para com seu marido, suas orações também são rejeitadas por Deus.

6.    Pedir contra a vontade de Deus – “E ele se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais”. (1 Reis 19.4)
A nossa fragilidade e incapacidade de controlar a nossa própria vida, às vezes nos faz falar com tolices nas horas de apreensão, perseguição e sofrimentos. Quantos, a exemplo de Elias já não exclamou: chega! Leva-me! Tira a minha vida! Basta! Etc. Quando estamos pressionados e de cabeça quente, temos o triste hábito de abrir a boca ocasionalmente e falar besteiras. Graças a Deus, ele não nos trata segundo as nossas transgressões!


7.    Negligência e descaso para com a Lei - O que desvia o ouvido para não ouvir a Lei, até mesmo sua oração se torna abominável. (Provérbios 28.9)
A graça está na Lei, e a Lei está na graça. Equivoca-se quem pensa e diz que toda a Lei caducou e que o Antigo Testamento não tem mais valor. A Lei nos revela exatamente o que nós somos diante de um Deus santo.

Gálatas 3.19 - Então, por que é que foi dada a lei? Ela foi dada para mostrar as coisas que são contra a vontade de Deus. 

Romanos 4.5 Porque a Lei produz a ira; mas onde não há Lei também não pode haver transgressão. 

Romanos 7.7 - Mas foi a lei que me fez saber o que é pecado. Pois eu não saberia o que é a cobiça se a lei não tivesse dito: “Não cobice.” (NTLH)